segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Diego Ain da MotaMúsico taubateano coleciona participações em grandes projetos musicaisTaubatéAndré Leite
www.diegoain.com

Diego Ain da Motta tem 27 anos, nasceu em Ubatuba e foi criado em Taubaté, onde se iniciou como músico. Hoje, vivendo na Espanha, o percussionista coleciona participações em grandes projetos musicais, que lhe renderam apresentações em importantes fetivais da Europa. Uma trajetória cheia de desafios, superados com muita determinação.



Como foi que você começou a se interessar por música?

Cresci ouvindo música. Até meus quatro anos de idade minha mãe tocou piano ativamente. Me lembro de acordar no domingo de manhã, ainda lá em Ubatuba, ouvindo vinil de Rita Pavone e Nelson Gonçalves. Mas foi com 12 anos, influenciado por um grande amigo, o João Mauro Oliveira, que comecei a tocar. A gente morava no mesmo prédio e ele tocava rock, Nirvana...



Qual foi o primeiro instrumento que você tocou?

Eu sempre gostei muito de bateria. Mas como morava em prédio não tinha como tocar. Então comprei um bongô, foi quando entrei para a percussão.



E aqui na região você chegou a atuar profissionalmente como músico?

Eu era muito ruim tocando bongô. A galera pegava no meu pé, não me deixava tocar. Até que um dia conheci o Paulinho da Lua que me disse que percussionista de verdade tinha que tocar pandeiro. Ai abandonei o bongô, peguei um pandeiro velho e comecei a tocar em casa. E comecei a investir nisso porque a aceitação era diferente. Dai comecei a tocar em bares com Toninho Mattos, Teteco dos Anjos (ambos integrantes de "Os ilhones") e outros artistas daqui do Vale do Paraíba.



E quando você foi para São Paulo estudar percussão?

Eu queria evoluir, mas tocando percussão e aqui no Vale não tinha ninguém que pudesse me ensinar. Aí fui para São Paulo morar com o Gervs (Gerval de Almeida), um grande baterista, e juntos entramos para o Conservatório Musical Souza Lima. Mas era super caro, eu não teria condição de pagar a aula. Mas fui falar com o professor, o maestro Dinho Gonçalves e ele me perguntou se eu queria mesmo estudar e o quanto eu achava que poderia pagar. Eu disse que era dificil dar preço ao trabalho dele. Ele sugeriu R$ 50 reias e eu disse, na mesma hora, que já era aluno dele.



E a sua relação com o flamenco?

Nessa época eu tocava com o Reginaldo (Serial Funkers), e descobri o cajon, instrumento de origem peruana, muito presente na musica flamenca espanhola. Meu tio era carpinteiro e fez um para mim. Certo dia estava no estúdio do Ricardo Xavier, gravando meu primeiro disco com o João, e o Kleber Assunção (professor da Faculdade de música Santa Cecília - Pindamonhangaba) viu meu cajon e perguntou se eu tocava flamenco. Eu disse que não mas que estava louco para aprender. Ele disse que tocava num grupo que precisava de um percussionista então comecei a aprender flamenco estudando alguns discos produzidos por Roberto Angerosa.



Você foi aluno do Roberto...

É! Fazia dois anos que estava no Souza Lima e já tinha aprendido o que tinha que aprender. O Dinho estava ensaiando uma peça erudita, com um pouco de dificuldades para tocar e virar as páginas. Eu estava acompanhando, acabei virando as duas últimas páginas enquanto ele tocava. Foi quando demos conta de que eu estava lendo partitura. Acabei entrando para o grupo do Dinho e fui motivado a ir atrás da ULM (Universidade Livre de Musica Tom Jobim). Acabei conseguindo uma vaga para estudar percussão étnica, com o Roberto Angerosa.



E como nasceu o projeto Música Cotidiana?

No verão de 2002 conheci um grupo de Ibiza em Ubatuba e fui para lá a convite deles tocar no festival de verão. Com 20 anos, 60 quilos de instrumentos e só 200 euros entrei pela primeira vez num avião. Em Ibiza, conheci o VJ Frank, que me convidou para morar em Valencia. Certo dia peguei um laptop e gravei um som com percussão corporal, com as técnicas que aprendi na ULM, em aulas secundárias. Aí o Frank fez dois vídeos que comecei a usar como base para minhas apresentações ao vivo e para dar aula. No vídeo eu tiro som de uma escova de dente. Esse prejeto cresceu e rendeu um vídeo com participação de pessoas do mundo inteiro ("Just Make Music", que está disponível no youtube).



Você tocou também com várias bandas na Espanha, né?

Com o The Drama, toquei em grandes festivais, depois o Marcelo Brandão (Banda Gugles) foi para Espanha e montamos um quarteto, o Samba Rock SA, tocando versões modernas de musica brasileira e um flamenco abrasileirado, depois fui para Madri, tocar no Livika (Big Band Percussões do Mundo). Com esse grupo comecei a ganhar dinheiro e passei a comprar equipamentos de estúdio e gravar meus amigos.



Foi quando virou produtor musical?

Sim. Conheci um baixista fera que estava começando um projeto de banda chamado Calima e me convidou para participar do disco "Azul", que foi indicado ao Grammy como melhor disco de flamenco. Depois o grupo Fritanga me convidou para mixar o disco deles. Foi meu primeiro trabalho de produção e comecei a investir nisso. Também produzi um disco para o colombiano Camilo, Chico Ateroide, Chabola Vip, e outros.



O que te trouxe de volta para o Brasil?

Depois que conheci o Kikoto, que fazia os vídeos do Livika, aprendi edição e comecei a produzir trilhas para documentários e curta-metragens, estudar mixagem e masterização e acabei virando professor da escola. A partir daí comecei a dar cursos fora da Espanha. Foi isso que me trouxe de volta ao Brasil. Estive em Salvador, na escola do Carlinhos Brown.



E quais são seus projetos futuros?

Criei um selo discográfico, o Mundo Afora Records, e estou consolidando um movimento cultural, produzindo um disco, o Haciendo Pina, com temas gravados por músicos do Vale do Paraíba e que moram na Espanha, e espero fazer o lançamento do disco lá na Espanha e aqui no Brasil para promover esse intercâmbio por meio de um festival itnerante.

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