terça-feira, 3 de novembro de 2009



Aloísio AmaralMister Terceira Idade fala sobre sua família de músicos, o trabalho na produção artística e lembranças de outros temposSão José dos CamposAndré Leite

foto: Bruno Fraiha

Mineiro de Juiz de Fora e joseense de coração há 50 anos, Aloisio Amaral diz que acabou de receber um prêmio dessa cidade: foi eleito o Mister Melhor Idade e irá representar São José dos Campos no concurso estadual que será realizado no dia 29, na capital. O que nem todo mundo sabe é que o Mister de 62 anos, com 5 filhos e 8 netos, vem de uma família de 28 músicos e que foi um importante promotor de eventos da região.



Como o senhor foi escolhido para representrar a cidade no Mister Estadual da Melhor Idade 2009?

Eu participo das atividades da Casa do Idoso e recebi um convite para participar do Mister Melhor Idade da cidade. Para a minha surpresa, fui o primeiro colocado. Agora vou participar da seleção estadual, que acontece no dia 29, no Simon Bolivar, no Memorial da América Latina. Mas nunca havia participado de desfiles. Eu sempre estive nos palcos, mas apresentando shows.



Você trabalha há 40 anos com promoção de eventos. Como você se interessou por essa área?

Eu recebi um convite, na década de 1970, do meu grande amigo Sérgio Weiss para juntos montarmos a "Ímpar Representações Artísticas". Com essa empresa nós levamos o nome dessa cidade para mais de 600 cidades do país. Naquela época trabalhávamos com conjuntos como o Biriba Boys, a Brazilian Modern Six, o Esquema Novo e a Século Vinte. Além disso tive a oportunidade de trazer para o país alguns nomes importantes da cena musical internacional, como Johnny Mathis, The Platters, Manolo Otero e o grande Ray Conniff.



E dos artistas brasileiros, há alguma história interessante?

Há várias! Uma vez tive o prazer de entrevistar a Elis Regina. Na época eu tinha um jornal, o Ímpar News, que era uma publicação mensal. A cada mês nós homenageávamos um clube e um artista. Aí consegui chegar até a Elis e ela me concedeu uma entrevista de 40 minutos, em São Paulo. Foi um momento especial e muito emocionante. Uma outra situação, desta vez engraçada, foi durante um show que o Sérgio Reis veio fazer aqui em São José, no aniversário da cidade. No mesmo dia o Palmeiras iria enfrentar o Corinthians e ele me desafiou. Ele é palmeirense e se o time dele perdesse ele iria vestir a camisa do Corinthians durante o show... e foi o que aconteceu. Outra coisa muito bacana desse trabalho foi poder receber o Gonzaguinha e o Djavan na minha casa. Eles diziam que tinham prazer em ficar hospedados na minha casa. Quando vinham pra cá traziam a família toda, comiam o que minha mãe preparava. O bom é que eu não tinha grandes despesas (risos)



O festival "Sabiás de Ouro" também era organizado por você?

Sim e esse era um projeto muito legal que realizávamos no Cine para Todos, na rua Coronel Monteiro. O falecido Taiguara era um dos jurados desse evento. Alguns dos vencedores desse festival foram os compositores Roberto Wagner e o Jota Moraes e o cantor Luiz Antonio, que foi vocalista do Biriba Boys e morreu em Paris, depois de ter feito 20 anos de sucesso lá.



Por conta desse envolvimento com música você também chegou a gravar um CD?

Sim, eu sempre gostei muito de música. Quando tive a idéia de gravar o CD não queria que ele tivesse fins comerciais. Gravei para poder presentear meus grandes amigos. Selecionei 10 músicas românticas que gosto e aproveitei a família musical que Deus me deu e reuni todo mundo nesse trabalho.



Na sua família também há muitos músicos?

No total são 28 músicos profissionais. Alguns deles muito conhecidos como o maestro Aluizio Pontes, o Jota Moraes (Maria Rita), Caixote (Faustão), o Maurício Piassarolo (Pe. Fábio de Melo), o Dodo (tecladista do Zé Ramalho há 13 anos), entre outros. Dos meus cinco filhos, só o Beto não é músico. O André, o Renato, o Branco e a Preta Pontes formaram um grupo, o "Tudo a Ver", que hoje se chama "Sonho Família".



Você também compõe?

Sim. Inclusive há uma história bacana sobre isso. Compus uma música, em 2007, intitulada "Sempre", durante um período que passei com minha mãe em Juiz de Fora. Aí o Aluizio Pontes fez uma parceria comigo e colocou a melodia. Agora recebemos a grande notícia de que "Sempre" será gravada pelo querido padre Fábio de Melo.



Você organizou grandes eventos aqui na cidade e até em Brasília, para os ministros e senadores. Como foi essa experiência?

O Mário Galvão era funcionário da Embraer e conhecia o trabalho da nossa empresa de eventos. Quando ele foi trabalhar em Brasília, no início da década de 1970, nos indicou para organizar esse baile. O avião do então presidente veio nos buscar aqui. Na ocasião levamos a Brazilian Modern Six para tocar.



E os bailes que você promovia aqui na cidade?

Isso foi na época do Estrela Dalva Dança que era um clube que ficava na região onde hoje é o CenterVale. Nós mantivemos a casa aberta por 10 anos e a cada final de semana reuníamos cerca de 3.000 pessoas na casa. O sucesso era garantido com a qualidade das músicas e conjuntos que apresentávamos. Infelizmente hoje há pouco espaço para esse tipo de evento.



Você acha que isso se deve ao fato do jovem ter perdido um pouco desse romantismo?

Há uma série de fatores. Na minha época os músicos tocavam de verdade, não havia playback. Os conjuntos que se apresentavam pela minha empresa também ganhavam a quantia justa por cada show apresentado. Eles liam partitura, e isso era uma demonstração de respeito ao público. A música bem tocada hoje é pouco valorizada. Uma pena porque ela poderia orientar e educar a nossa juventude, sem falar que ouvir música de qualidade é uma terapia. É por isso que continuo lutando por ela, com minha empresa, a Aloisio Amaral, que já realizou mais de 5000 eventos, e a orquestra Silver Star.

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