domingo, 22 de novembro de 2009



Giuseppe AmbrosanoCap de um dos pontos comerciais mais tradicionais de São José conta os segredos do seu sucessoSão José dos CamposAndré Leite

foto: Diego Migotto

Giuseppe Ambrosano, aos 63 anos, se sente uma homem realizado. Sem grandes ambições, ele administra, ao lado da esposa e do casal de filhos, um dos pontos comerciais mais tradicionais da cidade, a Marinella Doceria. O italiano veio para o Brasil ainda criança e aqui descobriu o gosto pelo trabalho de confeiteiro e salgadeiro.



Como o senhor começou a trabalhar com confeitaria?

Foi aqui no Brasil. Minha família tinha acabado de chegar da Itália e nós fomos morar em São Paulo. Um primo meu tinha padaria na Mooca e, como meu pai não queria que eu ficasse na rua, me levou para trabalhar com ele. Lá aprendi a fazer doces, salgados e tudo o que sei hoje.



Como o senhor chegou a São José dos Campos?

Vim para São José dos Campos logo depois que casei, em 1970. Recebi a proposta de um dos meus melhores clientes lá de São Paulo para vir para cá e montarmos, juntos, nosso negócio. Foi quando nasceu a Antonella, onde fiquei por oito anos.



A Marinella também nasceu dessa sociedade?

Não. Eu vendi minha parte da Antonella porque meu sócio queria colocar um gerente para administrar nosso negócio. Mas eu e minha mulher estávamos acostumados a trabalhar e não aceitamos a proposta. A Marinella foi inaugurada em janeiro de 1984. Foi um sucesso, pois nós recebemos mais de 500 pessoas aqui naquele dia. Mais foi um projeto que nasceu do zero, com muito sacrifício, esforço e acima de tudo trabalho.



A que o senhor atribui esse sucesso?

Logo no início coloquei as mesas lá fora, para que os clientes pudessem ficar mais à vontade. Era uma proposta nova e foi aprovada por todos. A Marinella virou ponto de encontro nos finais de semana. Aliás era uma época boa, o povo chegava a fechar a rua. Não se via uma briga. Era a mehor mocidade de todos os tempos. Hoje muitos daqueles jovens trazem seus filhos para conhecer nossa casa, é muito gratificante.



A cozinha da Marinella esconde algum segredo de confeitaria?

Nós trabalhamos com produtos naturais, frescos, essa é a diferença. A grande maioria dos estabelecimentos, hoje, trabalha com produtos industrializados, chantilly de caixinha e por aí vai. A aparência é ótima, mas o gosto...



O senhor não pensa em montar filiais da Marinella?

Não. E não foi por falta de proposta. Já recebi vários convites para abrir franquias, mas acho que não compensa. Você demora anos para construir uma imagem e conquistar a confiança do público. De repente abro uma franquia e um funcionário que não sabe trabalhar direito pode me comprometer. Estou muito satisfeito com o resultado do meu trabalho, recebi vários prêmios com indicação do estabelecimento. Zelo muito pelo respeito com os funcionários, fornecedores e clientes, principalmente. É fundamental qualidade no atendimento. Por isso gosto de acompanhar tudo de perto. Fico aqui no balcão do caixa observando se meus clientes estão satisfeitos.

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Qual a dica que o senhor dá para quem está entrando nesse ramo agora?

Sempre trabalhei honestamente. É assim que você consegue sobreviver do comércio. Hoje vejo muitos jovens montando negócio achando que vão recuperar o dinheiro do investimento e ter lucro em alguns meses. É ilusão.



A Marinella também servia bufês. Por que pararam?

Até uns cinco anos atrás eu fazia bufês para festas e confraternizações. Mas comecei a me desanimar com a falta de garçons capacitados. Os melhores estão trabalhando nos grandes restaurantes. Os mais novos não sabem trabalhar. Você vai em festa hoje, as coisas ficam na mesa para você se servir. Não é mais como antigamente.



Falta gente qualificada nessa área?

Sim e isso é sério. Estou cansado porque não consigo achar bons profissionais nessa área. Hoje todo mundo que fazer informática. Os confeiteiros e salgadeiros estão s
umindo.

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